domingo, dezembro 27, 2009

Trans sem ência



Um pouco do que sei sobre espiritualidade:

- Tudo que eu disser é contestável
Cada olhar sobre o mesmo assunto gera uma dúvida diferente.
Cada experiência gera tantas conclusões que no final se esquece do objetivo inicial.
Nenhum extremista assume que o é.
Nenhuma doutrina é perfeita.
Mas...
que importa?
Para que servem dogmas senão para limitar a visão?

Um comentário sobre o filme Avatar, para que a realidade não seja mais uma vez ignorada:
"Sou um guerreiro em busca da paz, mas tem uma hora que é preciso acordar"
Acordar não é sinônimo de desistir, e sim de mudar os planos, adequar às novas situações, repensar, replanejar.
Acordar é olhar para cima e acreditar, é olhar para dentro e despertar sem sonho.
Que as conexões sejam refeitas, que a Mãe Terra abrace o que restou de amor na humanidade, que o novo ano seja....Bom.


quinta-feira, novembro 19, 2009

.Me peça.


Mesmo com toda a perfeição e precisão evidentes...
Mesmo com a paixão declarada ao funcionamento do quebra-cabeça,
Devo admitir que existem peças que simplesmente não se encaixam.

Claro que isso é uma metáfora.
Claro que eu quero falar da vida, dos seres, do universo e tudo o mais.
Claro que quero mais uma vez declarar-me às borboletas.
Claro que vim me render à metamorfose.

Das utopias mais saudáveis às mais impossíveis,
uma máxima me guia:
-Porque não?
Movendo objetos, portões, pessoas e até aviões, a falta de resposta convincente a esta pergunta tem rendido várias histórias.

Um dia eu conto tudo movendo alguns rolos de impressão.

Por enquanto vou acolhendo o que tem sido ignorado no mundo e poetizando as belas relações reais.
Quero pessoas com um brio, porque só a vontade é suficiente para mover o mundo.
Começar com menos para não assustar... Uma peça talvez... Apenas me peça, ensino que para montar com perfeição o trabalho tem que ser feito individualmente, sem pular nenhum espaço, encaixando uma a uma...

sexta-feira, novembro 13, 2009

Desenquadramento


Não é que eu vá ficar redonda,
Mas só de tirar as linhas retas e o formato padrão já dá pra respirar melhor.

quinta-feira, novembro 12, 2009

.Cartas Para Não Chover.

Hoje teve uma peça, uma estreia.
Aliás, várias estreias em uma peça;
Vi um parque servir de teatro, vi uma plateia indo de fraudas a rugas em total silêncio, vi o temor dos novatos, vi a apreensão dos gaiatos.

Não é que a poesia do imaterial já não me sirva mais,
é que, me repito, a realidade tem compromisso comigo, mesmo eu e a literatura nunca tendo assinado compromisso com ela.

Insisto em poetizar mesmo assim
120 pessoas em cena. E pode isso?
Teatro pode tudo e ainda assim o temor de Clarice, a Lispector, não se concretizou, o peso das palavras não esmagou as entrelinhas.

Com um caderno e uma caneta ousei entrar no camarim.
O que passa na cabeça de cada um 10 minutos antes de deixar de ser si mesmo?
"-Me diz uma palavra. Qualquer uma. Vamos, não pensa muito", eu repetia apontando com o queixo os desavisados que passavam por perto;
Que ousadia, pedir uma só palavra. Que injustiça fazê-los escolher.
Nem me apresentava, para quê?
Senhorita jornalista do veículo tal = "bla bla blá, eu quero te usar como personagem apenas?" Não era isso que eu queria. Não é isso que eu quero.
Nada de reduzir pessoas a personagens. Histórias são reais, ainda que não tenham sido vividas. Sentimentos são reais.
Adélia Prado pegou o amor e socou no pilão com cinza e grão roxo para fazer remédio.
Eu só pedi uma palavra.

Elas ficaram espalhadas assim, livres como uma estrela perdida no céu de chuva que não veio: Amizade, magia, ameixa, banana, coração, alegria, vida, cores, nervosismo e amor... que se repetia sem cessar.

As cartas abertas, o palco aberto, a roda antes da estreia, mesmo com as mãos todas dadas....também aberta. Aí o grito só pra quem entende:
"MERDA!"

terça-feira, novembro 03, 2009

.Escola.


Para transformar as ondas em som é física
Para explicar felicidade é química
Para definir amor, não tem matéria

Sem ilusão na poesia batida do dia a dia
A palavra ficou gasta
O sentimento, talvez por isso, as vezes mudo.

Mesmo com a Lua cheia e âmbar às seis horas da tarde
Falta a voz, a presença, o abraço.
O céu me basta.
A luz me inebria
me completa,
me abastece.

quinta-feira, outubro 22, 2009

ÀS VEZES


Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?

Álvaro de Campos

Um pouco de referência para me fazer entender - o que leio é poesia, porque então o que eu escrevo seria diferente?!

sexta-feira, outubro 16, 2009

Pés no chão?

A recusa de criar raízes fez isso comigo:
Pés de chumbo de tanto saltar e brigar com a gravidade
Coração de aço de tanto insistir no salto
Cabeça dura pelo excesso 'nãos' vindo dos bancos das academias
Amor a terra por criar o ar
Paixão pela água por me transformar
Fogo queimando cada vestígio de recusa ao que o destino preparar


terça-feira, outubro 06, 2009

Tem um pouco de loucura no silêncio
Quando o grito pensa que pode mostrar rebeldia,
é o silêncio quem na verdade esconde desespero.

Aguardar em silêncio e receber silêncio em troca.
Que falta faz sentir as cordas vibrarem
Que falta faz ouvir um som que não é

Fica o pensamento enganando movimento
Fica a vontade de...
Fique a vontade

Paciência.
Falta-me espelho para enxergar tanta paciência,
Mas tenho, terei, tive.

Até pensaria em algo melhor para dizer
Mas estou em jejum de palavras,
em silêncio

quarta-feira, setembro 16, 2009

..sssstay..

Mora nela uma liberdade sem tamanho, sem definição e sem necessidade.
é que o que tem dentro já extrapolou e está fora,
e o que ela quer ainda não está preso dentro de letras.
Talvez o que ela queira é só sair por aí dançando com o vento
e se errar o ritmo sentar numa pedra bem alta e esperar a próxima brisa.
Leve que nem filhote de borboleta.

terça-feira, setembro 01, 2009

Introibum ad...

Nos delimites do corpo encaixa o infinito

Do pequeno que parte com destino ao átomo que simboliza o que não se sabe explicar.

É que a gente faz da ciência um cálculo exato, mas ela precisa do fascínio para existir.

Negar a amplitude, negar a beleza, negar tudo que vai além do globo...ocular...planetário...
Seria fácil demais.

Um coração de criança que insiste em acarinhar luzes, em jorrar reflexões.
Vão julgar louca, lisérgica e fora do real... Mas... Isso importa a quem exatamente?

Não quero o que está teorizado, mas o que não se pode explicar
Essa inquietude tem feito meus dias válidos
Somada as surpresas cotidianas quase fúteis que fazem renascer o assombro do olhar infantil.

Há que se moldar a um espaço que extrapola qualquer entendimento
Há que se viver sem planos em vários planos
e saltar... A cada instante de braços abertos ao desconhecido

segunda-feira, agosto 17, 2009

Brumas


"Bons ventos para nós..."

Que o som é eterno
Que o vento vibra e fala
Que o tempo não importa
Que o importante é o caminho
Que o legal é mudar o destino

Frases de impacto que parecem verdades irrefutáveis.

Isso também passa...
Fica o vento gelado nas orelhas
As reflexões ao pé do ouvido
Conversas de assuntos perdidos e mesclados na noite
Risadas pelas semelhanças e desencontros
Olhar fixo e um silêncio e duas gargalhadas
A gente entende de número

Hora de ir embora
Fica o brilho, a vontade
O sorriso esperto de quem entendeu cada entrelinha
A vontade de ver mais
De ouvir tudo novo de novo
De cantar as misérias da vida alheia
De reencantar com cantos antigos
De se apegar...

"Tempo de dar colo, tempo de decolar,
O que há é o que é e o que será nascerá"




domingo, agosto 02, 2009

.Papel.


Quis fazer do palco realidade.
mas o papel é frágil demais, se molha e dissolve...
no tempo, na memória, em um texto amassado e empoeirado numa caixa de lembranças.
Mesmo assim sempre vale a pena.
Caracterizar-se do que não é, fingir e mentir pela arte, habitar um mundo que não é seu
E contar a todos como é, lá do alto do palco:
o que se vê a frente, a luz esquenta e cega, o público com expectativas, o horizonte imaginário, a altura mínima que separa o abstrato do real
Sempre vale a pena
Deixar a vida menos triste, menos feia
A luz apaga, o público vai embora e a peça morre
o palco volta a ser um nada a disposição
de uma nova história, de uma nova ilusão.
Os atores são um detalhe, cavalos de pensamentos alheios
Alheios, mas não indiferentes.
Há de se abraçar o personagem como se abraça um travesseiro - um conforto necessário e passageiro.
Aplauso
Então vem o agradecimento e o ator volta a ser humano
que ser é esse que troca de nome, ideia e sentimento em tão pouco tempo?
a magia acaba
Mas após as três campanhias (em um outro dia) tudo volta novamente,
chamando os artistas para adentrarem uma casa de ninguém e criar um mundo com hora marcada para acabar...em aplausos
Um som que extrapola a compreensão e gera lágrimas de contentamento
Talvez o corpo não cabendo mais em si porque dividira espaço com alguém que não era ele, e que agora se vai... em aplausos
Simples assim

Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz...
E põe suas estrelas no azul... Pra que mudar?!

terça-feira, julho 14, 2009

...::: Lisergia :::...

Parece que desacreditam a poesia a todo cotidiano que se repete.
Posso ser reduntante, posso exagerar, posso omitir e inventar.
Que limites existem entre as palavras?
Um dia definiram o deserto como "estéril e desabitado"
Seria infecunda uma terra que desperta girrassóis e lótus?
Seria desabitada uma paisagem que desperta encanto e fascínio?
Parece que as definições da humanidade andam desequilibradas, insensatas e incoerentes.
E depois a poesia é que é subversiva, a poesia é que mente e exagera, a poesia que extremiza e vitupera.
Quebro a moral vigente com traços curvos de palavra.
Grito no silêncio para uma flor que existe em mim e suas raízes é que me ouvem.
Parece que no deserto interior de cada um tem uma planta que só precisa de um verbo, uma luz ou um pouco de calor...
São todos iguais, afinal. Vibração espacial ao acaso.
Som é eterno.
Como todo o resto que perturba o ar.
A eternidade dá medo, mas parece tão nobre...

"É porque sempre tento chegar pelo meu modo.
É porque ainda não sei ceder.
É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria e não o que é.
É porque ainda não sou eu mesma,
e então o castigo é amar um mundo que não é ele..."

(Clarice Lispector)

terça-feira, junho 30, 2009

..Elegance..

Apagando as pegadas atrás de mim com fogo e água.

Já passei por aqui, mas agora não evidencio meus passos.

A menos que o vento congele, são asas batendo desgovernadas.

Com objetivo, mas sem pistas.

Se apago uma vela, acendo um incenso.

Se fecho a torneira, mergulho no rio.

Se faço de novo, mudo o fim.

Vôo de borboleta derretendo os icebergs que ainda não são.

Fugindo do que um tal de destino prepara.

Existir é fácil demais, por isso vivo.


"As falhas dos homens eternizam-se no bronze, as suas virtudes escrevemos na água"

(William Shakespeare)

"Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo"

(Mahatma Gandhi)

quarta-feira, junho 24, 2009

.2 Much Room.

A menina Alice então viu que era mesmo preciso andar duas vezes mais rápido para sair do lugar.
Era tudo tão imenso e intenso de repente, as flores a convidavam, os cogumelos a desafiavam.
Então um inseto ousou perguntar: Quem és tu?
O conflito foi eminente.
Claro que não importa o caminho quando tanto faz o lugar onde se quer chegar,
Claro que tanto faz a direção se o objetivo pouco importa.
Por isso ela racionalizou,
fez do mundo um aliado, traçou marcas e marcos,
ouviu e proferiu promessas demais.
Os ventos que se virem com essa vibração..
esses sons são amargos demais para alguém com um único vício.
Alguém tem um chocolate?

I Can't explain myself, I'm afraid Sir, because I'm not myself, you see...
Up above the world you fly
(Lewis Carrol)

sexta-feira, junho 12, 2009

.:Irradia:.


Equilíbrio que os céus me impõem;
inteligência e sabedoria, misericórdia e justiça...Esplendor de minha vida.

Desequilíbrio incontrolável que a Terra gira e me entonteia;
vem como prova de que a dor coroa.

A noite veio e levou minhas possibilidades de paz...
noite era quando construímos lembranças que agora atormentam
noite era quando nos despedimos
noite era quando ao som de "Amor, meu grande amor" eu chorei
noite ficou quando soube por letras frias de um computador, que podia ter sido, mas não foi.

E eu, que era tão equilibrada,
me vi entre olhos de luz de uma memória
e olhos verdes cerrados em sonho.
Irradiam nossas crenças, ansejos e indecisões...
Sempre tão iguais e tão desiguais...



terça-feira, junho 02, 2009

A delicada relação entre o que extrapola e o que assiste, virtuoso.
E a ordem dos fatos? Inversa à razão.
Parece que a flor, já nascida, espera o momento do nascer do sol,
e o Sol, mecânico e cíclico, renasce em brilho constante.
Acontece de um dia a flor não estar mais lá, e o Sol renascer mesmo assim.
O natural é seguir em frente, mecânica e ciclicamente.
Mas a percepção da fuga da normalidade é que nos faz SER, sentir e se importar com a falta, com a revolução.
*
Sinto que o frio não está lá fora,
intríseco em mim como nunca,
espera uma palavra de alguém para acalmar essa impressão.
*
Desde el fondo de ti, y arrodillado,
un niño triste, como yo, nos mira.
Por esa vida que árdera en sus venas
tendrían que amarrarse nuestras vidas.
Por esas manos , hijas de tus manos,
tendrían que matar las manos mías.
Por sus ojos abiertos en la tierra.
veré en los tuyos lágrimas un día.
Yo no lo quiero, Amada.
Para que nada nos amarre
que no nos una nada.
Ni la palabra que aromó tu boca,
ni lo que no dijeron las palabras.
Ni la fiesta de amor que no tuvimos,
ni sollozos junto a la ventana.
(Amo el amor de los marineros
que besan y se van.
Dejan una promesa.
No vuelven nunca más.
En cada puerto una mujer espera:
los marineros besan y se van.
Una noche se acuestan con la muerte
en el lecho del mar.
Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan.
Amor que puede ser eterno
y puede ser fugaz.
Amor que quiere libertarse
para volver amar.
Amor divinizado que se acerca
Amor divinizado que se va.)
Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya que no se endulzará junto a ti mi dolor.
Pero hacia donde vaya llevaré tu miraday
hacia donde camines llevarás mi dolor.
Fui tuyo, fuiste mía.
Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.
Fui tuyo, fuiste mía.
Tú serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.
Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacía dónde voy....
Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Farewell Y Sollosos - Pablo Neruda

quarta-feira, maio 27, 2009

Um dia o sol nasceu mais cedo,
eu sabia o porquê.
Era aquele dia que a gente sabe que vai chegar, mas quando chega pensa que ''po, justo hoje?!''
Tinha um menino (sempre tem um menino)
e ele me ensinou como o silêncio fala.
um dia ele falou que ia fazer silêncio em outro lugar,
para ver se as pessoas de lá saberiam entender o que se sente no não-falar.
Ele foi nesse dia. Minha fortaleza para Fortaleza.
Tão longe da terra do pôr-do-sol alaranjado...
Acho que por isso ele foi no nascer do Sol...Saudando uma última aurora.
Mandei um pedaço de mim com ele, pra garantir que ele volta.
Ele deixou o silêncio aqui, e só.
Agora eu,
que sempre entendi o não-som,
penso no que ele quis dizer com esse último calar.
Será que era para eu ter dito algo dessa vez?
Veio tristeza, revolta, agonia, saudade, desespero, lembrança e... Calmaria.
Sei que ele volta para me devolver aquele pedaço de...
Mas mesmo assim, quando não saúdo o Sol ao acordar, ainda vem às vezes a tristeza, revolta, agonia...........
Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada (Clarice Lispector)

sábado, maio 09, 2009

No Fear


Eram 19h13. Mais um dia saindo tarde do trabalho e aproveitando a brisa noturna ao voltar para casa. Tempo de fazer os 5 minutos necessários virarem 12. Tempo de aproveitar a Lua quase cheia.
Estava escuro e fresco, umas poucas pessoas passavam por mim apressadas, na direção oposta, rumo ao ponto de ônibus.
Não era sua pressa ou distração que me incomodava, mas seus olhos. O medo estampado em rostos jovens, a desconfiança nos rostos mais velhos. Alguns, querendo me espantar ainda mais, olhavam para trás constantemente.
Era medo da liberdade que vivenciavam naquele momento.
Como se não acreditassem que nada lhes acontecia e que, por aqueles minutos de silêncio e paz, a noite era deles, o que acontecia era a respiração e os passos, nada mais.
O medo projetava situações de risco em suas mentes, e a atenção se tornara tensão.
Não era medo da violência ou do roubo, era medo da plenitude. Estar em si mesmo e consigo mesmo assusta. A perfeição daquela noite fazia com que o medo tivesse de ser esforçar mais, e ele conseguia.
"é pela paz que eu não quero seguir, é pela paz que eu não quero seguir admitindo..."

segunda-feira, maio 04, 2009

Unknown

Quando olho para um sorvete não sei se sinto frio ou calor.
Duas sensações opostas coexistem num único ''objeto''.

Em um filme, a mocinha recusa o sorvete que o mocinho oferece,
porque "é algo doce, que te faz sentir bem, mas derrete em cinco minutos".
E nesse dia fazia frio.
A amiga de fossa comeu meio pote, num dia de calor, mas tinha uma desculpa.

O que intriga mesmo é a sensação de calor sem associar ao sorvete,
A sensação de vazio sem o frio.

Lá fora há névoa - o que o frio ainda tímido manda pra avisar.
Tem ainda a lembrança - o que a memórica irônica insiste em despertar.
É Maio, mas parece Setembro.
As despedidas começam antes, sem que o coração tenha tempo
de deixar ir o calor e absorver o frio que vem...
É só saudade, mais uma vez...

"Uma noite longa para uma vida curta, mas já não me importa, basta poder te ajudar. E são tantas marcas que já fazem parte do que eu sou agora, mas ainda sei me virar. Eu tô na lantaerna dos afogados, estou te esperando, vê se não vai demorar..." (Os Paralamas do Sucesso)

Tenho ideias que não sei se são de dor ou tampouco desalento, mas são ideias impronunciáveis. Roda de Samsara.

segunda-feira, abril 27, 2009

.

Quando não tem imagem fica assim:










faltando alguma coisa.

E é como um dia de olhos fechados,
um dia inteiro dormindo (acordada ou dormindo literalmente mesmo).
Não exergar me mataria.
Não ouvir me angustiaria.
Não falar me anularia.

Não há sentido que eu priorize,
mas a imagem tem uma influência em mim que só se explica pela expressão usada por uma mãe de amiga: "olhos de coruja inquieta".

Parece que perco o melhor do dia em ônibus e bancos universitário e de frente para um computador, ficando verde em redação de jornal.
Mas o pouco do dia que tenho sei bem o que fazer.
Deitar
na
grama
e
ver
estrelas
.


"Conhecemos todo o mundo antes de nos levantar da cama. Acordamos e ele é opaco, levantamo-nos e ele é alheio..." (Tabacaria - F. Pessoa)

terça-feira, abril 14, 2009

ham...

A gente vai regando a mente e ela cresce assim - cheia de voltas e curvas e firulas.
Na hora de podar a gente não aceita.
Pode até crescer de novo, mas o primeiro impacto visual daria um susto.
- E se for eterno?!
Ou a liberdade é livre, ou a liberdade não é verdade.

segunda-feira, abril 06, 2009

Liberdade



Liberdade. São só fonemas que juntos formam uma palavra que por conveniência atribuiu-se o valor de leveza, plenitude, despreendimento.
E que por conveniência eu abracei como causa (julgada perdida).
O tempo prendia minhas asas,
eu convenci as grades e elas me ajudaram a fugir...
O problema é que a fuga adia o problema...
Um dia o tempo me acha
e eu vou ter que prestar contas às duas flechas,
à todos os números e àquele giro incessante e frenético que me deixa tonta...
Mas não importa. Eu me viro.
Falo com as grades de novo e elas enganam o tempo por mais um tempo.

É, (...) parece que vai ser nós dois até o final, eu vou ver o sonho se realizar de um lugar seguro...


De que vale ser assim? De que vale um ser assim? Liberdade !!!

Carpinteiro do universo inteiro eu sou...No final carpinteiro de mim...

E eu que pensei que dava pra se entender sem ter que conflitar princípios...

Se a gente não tivesse dito tanta coisa, se não tivesse exagerado a dose, podia ter vivido um grande amor.

segunda-feira, março 16, 2009

.. Free Falling ..

O Outono de nossa existência vem assim...
Devagar. Devasso. (para nós que gostamos) de vagar.
Gosto de ver as folhas perdendo a cor,
gosto de ver como se desespera o Verão - que quase explode, um dia calor, um dia chuva torrente, outro dia cinza e ausente.
E a queda.
Como aprecio a queda.
O fim de um ciclo, o começo de outro.
Nem fim nem começo existem, portanto.
Equilíbrio ou instabilidade... Me atraem tanto...
E eu gosto do sopro morno do final das tardes de Verão.
São sopros nostálgicos, de despedida, de saudade.

E eu vou te esperar,
quando todas as folhas já tiverem caído e o chocolate já não puder sustentar essa felicidade figurativa...
quando a solidão já não for uma cena de uma boa fotografia de um olhar na janela...
quando você perceber que "nossa história não estará pelo avesso assim, sem final feliz", e bem sabemos que não tem fim.


Lembra que o que valeu a pena foi nossa cena não ter pressa pra passar.

terça-feira, março 10, 2009

..:: Learn to see ::..

Sei que os olhos são epelhos da alma
Sei que são espelhos d'água
Sei que têm todo o glamour que a poesia proporciona,
Mas gosto de fecha-los às vezes, para abrir a imaginação.
Gosto mais ainda de ver você de olhos fechados,
beijando com a alma,
me dizendo adeus sem me olhar, para não chorar.
Mesmo assim chorou,
Maio vai chegar, e eu te espero.
Águas de março fecham o verão,
vão prometendo vida...
O que eu não entendo é combustível,
é o que aguça a curiosidade
para revelar o que não é segredo.
Sem medo, sem tempo, sem futuro.
Não tenho pressa se não acreditar no tempo,
sei também que ele acredita em mim.
Mas tampouco planejo futuro, medo não tenho porque ele não existe.
Pego o tarot, sei o que vai acontecer,
e não me pré-ocupo...
O Destino é previsível, não imutável.

domingo, março 01, 2009

.: I did it my way :.


No começo era bamba.
Não aquelas de samba, que sabem de cor a letra, e sambam majestosamente bem,
bamba de desengonçada mesmo.
Foi ficando pior,
porque aprendeu a andar de verdade e aí quis criar asas.
Criou as asas,
ficou tão leve que o vento levava,
dançando com os silfos quase freneticamente.
Mas encantava tanto...
Colocaram então vendas em meus olhos,
foi engraçado.
O passo inseguro de quem não sabia onde pisar,
a certeza sólida de quem já sabia o final.
Sempre a mesma história...
Não dá pra querer ver só com os olhos,
a mente trai,
consegue deixar até as cores mais belas...
Cores.
Azul ciano, verde limão, branco gelo.
Vira tudo uma coisa só, sem graça,
um nome com adjetivo.
Amarra a imaginação e prende o riso.
Posso ligar a luz ?

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

..Quando o amor era medo..


Uma vez me descomplicaram o amor:
- Se ama e pronto. Só por amar, sem exigência, sem urgência, apenas se ama.
Concordei plenamente.
O que complica os amores?
Os amores não são complicados, os desamores é que são.
Amor é pleno, intenso, incondicional e cego; às vezes burro.
Desamor dói, não tem brilho no olho, não tem vontade, não tem desejo ou saudade.
(e quando tem é mentira de alguém)
Desamor tem dúvida, tem angústia, tem desassosego.
Amor de verdade é mantra pra deixar a mente quieta e embalar a alma.
Desamor dá medo.
Amor lembra que só existe a certeza.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Vanilla Sky em PB

Tomo uma dose de céu ao pensar em escrever,
mas tem dias que a palavra não sai.
Fica na letra morta do pensamento.
O café que acorda é o veneno do meu céu
Falsa indução a um estado que não me pertence
Estou acordada e querendo dormir,
Dormindo e querendo sonhar,
Sonhando e precisando fazer.
Acordo e esqueço,
Finjo que não estou em mim.
Vivo e lembro das nuvens que pisei sem sentir.
Sinto com a mente e deixo o coração pensar.
O resto não importa mais.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

..Pés.de.barro..


Pior do que ser preso é prender a si mesmo
Amarrar a língua em moldes e padrões é um crime artístico.
Colocar-se em situação de risco é admirável,
especialmente sob situação de risco psicológico.
*
Os mesmos pés que tocam o chão não têm nenhuma utilidade em queda livre, em vôo raso, em salto destemido (só em salto alto).
Ficar muito tempo pisando firme causa ócio, causa raiz, causa conformismo.
Para ter ideias é preciso se soltar, se arremessar à incerteza dos planos.
*
Ah, eu vou pra Machu Picchu e não vejo a hora de me arriscar...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

.:: Gliter no Olhar ::.

Conhecer pessoas é uma arte.

*

Como boa artista,

procuro àquelas que ainda têm brilho nos olhos.

Como eterna boba,

me apego àquelas que sei que nunca o perderão.

"Fundamental é mesmo o amor"

segunda-feira, janeiro 26, 2009

... A Lua inteira agora é um manto negro ...


As cores que a noite esconde podem ser tantas e tão intensas que transbordam ...
Os círculos que a mente forma podem limitar tanto a visão, 
que deformam os mais belos formatos.
É uma pena dar nome ao impronunciável. 
É uma pena aprisionar a imaginação.
Lua é gota de lágrima condensada. 
Uma gota de cada um, um pouco de cada tipo.
de feliz, de triste, de angustiada, de inconsolável, 
de nervosa, de louca, de incompreendida, de enamorada, de incorrespondida.
O que tem em volta é sonho, é lembrança do que pode ser e não é, 
mas envolve sempre as lágrimas.
Tem um pouco de dor e prazer no chorar.

Posso sim reciclar a palavra. 

terça-feira, janeiro 06, 2009

.:Mesmerized:.

Jean Piter, o anotador (e admirador incansável) do cotidiano me indicou para esse Même (vem de memória? Francês?). Juro que linkaria-no se eu soubesse como fazê-lo...Html é algo complexo...

As regras são:

1 - Linkar a pessoa que te indicou.
2 - Escrever as regras do meme em seu blog.
3 - Contar 6 coisas aleatórias sobre você.
4 - Indicar mais 6 pessoas e colocar os links no final do post. (eles simplismente não consideram a possibilidade de um blogueiro ser um analfabeto estrutural de html!!! Caramba...gostei desse termo....hehehe)
5 - Deixar a pessoa saber que você o indicou com um comentário para ela.
6 - Deixar os indicados saberem quando você publicar seu post.

E lá vamos nós.....
Obedecerei a risca a sétima regra criada por Jean, e quem sabe até o final desse post eu ainda invente uma oitava...Ele gosta de quebrar regras, e eu também adoro fugir do senso comum. Tendo ele desafiado (como essa palavra me instiga!) seus indicados a diferenciarem seus memes, não enumerando-os e abusando de manifestações artísticas diferenciadas. Pode deixar !!!


Subversiva, impulsiva, artística, indecisa, rígida, reticente...
Ah, e adjetivada.
Vejo na subversão a fuga do comum. Comum, para mim, a maior parte das vezes quer dizer banal.
Impulso é necessidade básica de uma apaixonada por adrenalina, novidade, notícia... É, quis ser jornalista. Aliás, como rezam as leis: estou aprendendo a ser. Segundo ano de faculdade (passou tão rápido...). A nostalgia às vezes me toma, e eu tomo um gole de suco de pêssego crendo piamente que isso pode resolver todo e qualquer problema. Quando vem tristeza mordo um chocolate branco. Quando vem fome no meio da tarde, faço um queijo quente (ah, também acredito que certos elementos culinários têm o poder de fazer qualquer coisa ficar boa: queijo, manjericão, leite condensado, castanhas). Não sou gorda, amo esportes, já fui atleta de handebol fissuradíssima, estraguei meu joelho (dou razão ao Bial: cuide bem dos seuss joelhos, você vai precisar deles), faço piada com minha torção até hoje, mas não posso entrar numa quadra de handebol mais...E eis aí uma das poucas coisas que podem me fazer chorar. Faço yoga, medito, acredito no transcedental, sou gnóstica, sou budista, sou uma curiosa sobre o que há entre o céu e a terra e que nossa filosofia não pode perceber.
Fujo do assunto, mudo o tema, esqueço, me perco no meio do caminho. Mudo o caminho. Esquecer já me trouxe problemas, mas eu penso, e ao tentar racionalizar o que passa numa mente total e completamente humana, humanista e pacifista, percebo que não esqueço. Escolho não lembrar.
Eufemizo.
Leio, escrevo, doentiamente (aos olhos dos outros, é claro). Acredito nas pessoas, até quando elas escancaram que não merecem confiança, credibilidade ou esperança. Sou uma boba, amo animais, converso com plantas, adoro cheiro de pata de cachorro, adoro asas, penas, borboletas... Boa música me inebria, entro em transe mesmo. Nasci no ano errado, ou os outros é que estragaram o ano certo? Rock Brasília anos 80 é perfeito, Bossa Nova é sempre nova, música celta, música andina, música clássica, música eletrônica, música de capoeira, música que tem o coração pulsando dentro. Eu canto. Às vezes meu jeito encanta, não gosto. A idéia de depender de alguém ou ter alguém dependende de mim emocionalmente me assusta de tal forma que eu simplesmente fujo dessas situações.
Sou mandona, comigo mesmo sou áspera, com os outros sou uma organizadora, direcionadora de idéias, separadora de conflitos. Me superestismo quando me encaro assim, depois de ter feito. Me subestismo antes de começar a fazer. Planejo muito, ambiciosamente muito, almejo o impossível, acontece comigo sempre o improvável.
Falo demais. Me repito. Adoro línguas, quero conhecer o mundo. Não acredito em certo e errado, mas acredito no yin yang. Sou libriana, prezo a teoria da balança sempre. Gosto de teatro, gostode fingir. Na verdade me protejo, não quero que saibam de mim sem que eu antes saiba quem é que quer saber. Tenho poucas manias. Sou uma semi-comunista. E, nesse ponto, uma hipócrita.
Tenho tatuagens, tenho piercings, detesto moda. Mudo muito, tomo decisões eternas e reversíveis com uma facilidade enorme. Nunca me arrependi. Sou extrema, mas indecisa. Realmente nunca me arrependi?
Eu encaro, olho fundo na alma, bem dentro dos olhos. Dizem que por isso eu intimo. Não minto, mas sei bem quando estão mentindo. Estou aprendendo a calar-me. Me indigno muito fácil, sou revolucionária de mim mesma. Abraço causas sem esperança. Mas eu acredito nas pessoas, lembra? E eu nunca me arrependi. Nunca mesmo.
Eu falo demais. Eu gosto de festa, gosto de gente. Não acredito em leis, só em bom senso. Mergulho profundamente, sem querer me expor, mas explorando o mundo. Depois, quase sem fôlego, volto correndo para debaixo do cobertor. Tenho medo de mim porque me conheço demais. Não tenho medo do acaso porque ele não existe.
E fica incompleto o resto...

Falei demais de novo.
Quebrando mais regras, crio mais uma: não indico mais 6 pessoas para não ter que dar nome aos bois. Gosto do indefinito. Sintam-se a vontade para realizar esse exercício. Faz bem.
Sopros de luz a quem vem...

sexta-feira, janeiro 02, 2009



Não exaltes os homens eminentes.
Para que não surja rivalidade entre o povo.
Não exibas os tesouros raros,
Para que o povo não os ambicione.
Não despertes as cobiças,
Para que as almas não sejam profanadas.
O governo do sábio não desperta paixões,
Mas procura manter o povo na sobriedade,
E dar-lhe as coisas necessárias.
Não oferece erudição,
Mas dá-lhe cultura do coração.
O sábio governa pelo não-agir.
E tudo pernanece em ordem.

Lao Tsé VI a.C.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

.: 201 :.

2009, duzentas e uma postagens.
Agradeceria individualmente aos leitores, parceiros, incentivadores, personagens e colaboradores em geral desse espaço, mas não caberia dentro das letras o tamanho da satisfação e gratificação; tampouco a alegria deixaria vocês ouvirem minha festa da alma soprando compreensão.
É cumplicidade e compreensão o que temos aqui, vc lendo, eu me expondo, vc se compadecendo, eu me desmitificando.
Eu conheço um lado de mim que você me mostra e você me mostra um lado seu que você mesmo não conhecia.
2009 vai ser assim, descobritante...
É, descobrível... Passível de descoberta...Interna e externa, tanto faz, o que importa mesmo é cultivar a vontade de continuar explorando...

Embora a literatura não tenha compromisso com a realidade,

A realidade tem compromisso comigo.

às vezes...
Mas só às vezes MESMO.