terça-feira, julho 14, 2009

...::: Lisergia :::...

Parece que desacreditam a poesia a todo cotidiano que se repete.
Posso ser reduntante, posso exagerar, posso omitir e inventar.
Que limites existem entre as palavras?
Um dia definiram o deserto como "estéril e desabitado"
Seria infecunda uma terra que desperta girrassóis e lótus?
Seria desabitada uma paisagem que desperta encanto e fascínio?
Parece que as definições da humanidade andam desequilibradas, insensatas e incoerentes.
E depois a poesia é que é subversiva, a poesia é que mente e exagera, a poesia que extremiza e vitupera.
Quebro a moral vigente com traços curvos de palavra.
Grito no silêncio para uma flor que existe em mim e suas raízes é que me ouvem.
Parece que no deserto interior de cada um tem uma planta que só precisa de um verbo, uma luz ou um pouco de calor...
São todos iguais, afinal. Vibração espacial ao acaso.
Som é eterno.
Como todo o resto que perturba o ar.
A eternidade dá medo, mas parece tão nobre...

"É porque sempre tento chegar pelo meu modo.
É porque ainda não sei ceder.
É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria e não o que é.
É porque ainda não sou eu mesma,
e então o castigo é amar um mundo que não é ele..."

(Clarice Lispector)

8 comentários:

Eduardo Espíndola disse...

a maleabilidade da palavra é a capacidade que a palavra tem de ser qualquer coisa.

Tomaz disse...

Expressão...
Independente de métrica, moral ou espaço...

A Poesia transcende a sensação.

Gostei, beijão !

Tainá Jara disse...

É, a poesia anda sendo mais fiel do que os relatos da vida real.

Druida do Vento disse...

Em cada um de nós a uma pequena semente... Basta regar, cuidar e vê-la transformar-se em árvore...
Mas a sociedade está tão preocupada com a roupa, o estresse, , o luxo, a tv, o comodo... que nem se importa com sua "arvore da vida"...
É mesmo, e depois dizem que os poetas eram e são malucos...?!
Abraço...

sankazama@hotmail.com disse...

A comunicação nos faz tao iguais e ao mesmo tempo tao distinto em um aspecto geral, a vontade maciça em querer representar sentimentos, gestos simples em formas de frases nos fazem tao ligados a literatura de uma forma que nossas raizes se contradizem no dialeto, mas se torna uma so no profundo gesto da poesia.

Daniel Silva disse...

Texto bonito.

Anônimo disse...

A eternidade dá medo não pelo tempo infindo, mas pela palavra. Por aquilo que resistirá à erosão das areias que correm e são sopradas.

Não sei se eu saberia existir assim. Só sei que curiosidade, isso há.

§Kellen§Fanchini§ disse...

Citou Clarice Lispector...WaW!!! Já a odiei um dia, hoje sou sua fã e me identifico muito, parabéns, sua abilidade com as palavras se assemelha um pouco com "Àgua Viva", já leu?? talvez goste!?!

Gostei muito e prometo voltar, visite o meu tbm...;]