segunda-feira, agosto 17, 2009

Brumas


"Bons ventos para nós..."

Que o som é eterno
Que o vento vibra e fala
Que o tempo não importa
Que o importante é o caminho
Que o legal é mudar o destino

Frases de impacto que parecem verdades irrefutáveis.

Isso também passa...
Fica o vento gelado nas orelhas
As reflexões ao pé do ouvido
Conversas de assuntos perdidos e mesclados na noite
Risadas pelas semelhanças e desencontros
Olhar fixo e um silêncio e duas gargalhadas
A gente entende de número

Hora de ir embora
Fica o brilho, a vontade
O sorriso esperto de quem entendeu cada entrelinha
A vontade de ver mais
De ouvir tudo novo de novo
De cantar as misérias da vida alheia
De reencantar com cantos antigos
De se apegar...

"Tempo de dar colo, tempo de decolar,
O que há é o que é e o que será nascerá"




domingo, agosto 02, 2009

.Papel.


Quis fazer do palco realidade.
mas o papel é frágil demais, se molha e dissolve...
no tempo, na memória, em um texto amassado e empoeirado numa caixa de lembranças.
Mesmo assim sempre vale a pena.
Caracterizar-se do que não é, fingir e mentir pela arte, habitar um mundo que não é seu
E contar a todos como é, lá do alto do palco:
o que se vê a frente, a luz esquenta e cega, o público com expectativas, o horizonte imaginário, a altura mínima que separa o abstrato do real
Sempre vale a pena
Deixar a vida menos triste, menos feia
A luz apaga, o público vai embora e a peça morre
o palco volta a ser um nada a disposição
de uma nova história, de uma nova ilusão.
Os atores são um detalhe, cavalos de pensamentos alheios
Alheios, mas não indiferentes.
Há de se abraçar o personagem como se abraça um travesseiro - um conforto necessário e passageiro.
Aplauso
Então vem o agradecimento e o ator volta a ser humano
que ser é esse que troca de nome, ideia e sentimento em tão pouco tempo?
a magia acaba
Mas após as três campanhias (em um outro dia) tudo volta novamente,
chamando os artistas para adentrarem uma casa de ninguém e criar um mundo com hora marcada para acabar...em aplausos
Um som que extrapola a compreensão e gera lágrimas de contentamento
Talvez o corpo não cabendo mais em si porque dividira espaço com alguém que não era ele, e que agora se vai... em aplausos
Simples assim

Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz...
E põe suas estrelas no azul... Pra que mudar?!