domingo, agosto 02, 2009

.Papel.


Quis fazer do palco realidade.
mas o papel é frágil demais, se molha e dissolve...
no tempo, na memória, em um texto amassado e empoeirado numa caixa de lembranças.
Mesmo assim sempre vale a pena.
Caracterizar-se do que não é, fingir e mentir pela arte, habitar um mundo que não é seu
E contar a todos como é, lá do alto do palco:
o que se vê a frente, a luz esquenta e cega, o público com expectativas, o horizonte imaginário, a altura mínima que separa o abstrato do real
Sempre vale a pena
Deixar a vida menos triste, menos feia
A luz apaga, o público vai embora e a peça morre
o palco volta a ser um nada a disposição
de uma nova história, de uma nova ilusão.
Os atores são um detalhe, cavalos de pensamentos alheios
Alheios, mas não indiferentes.
Há de se abraçar o personagem como se abraça um travesseiro - um conforto necessário e passageiro.
Aplauso
Então vem o agradecimento e o ator volta a ser humano
que ser é esse que troca de nome, ideia e sentimento em tão pouco tempo?
a magia acaba
Mas após as três campanhias (em um outro dia) tudo volta novamente,
chamando os artistas para adentrarem uma casa de ninguém e criar um mundo com hora marcada para acabar...em aplausos
Um som que extrapola a compreensão e gera lágrimas de contentamento
Talvez o corpo não cabendo mais em si porque dividira espaço com alguém que não era ele, e que agora se vai... em aplausos
Simples assim

Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz...
E põe suas estrelas no azul... Pra que mudar?!

7 comentários:

Anônimo disse...

por um momento achei q seu texto fazia uma analogia entre a vida comum, e a representada no palco, mostrando algumas semelhanças...

bom texto!

Auíri Au disse...

Tudo vale a pena se a alma não é pequena...
Saudades daqui.
Beijos parceira e lindo texto.

Daniela Hernandes disse...

Ahhh, que saudade desse sentimento de controle e submissão!Vida e morte!!O friozinho na barriga que da qndo estamos em cima de um palco e a satifação, o sentimento de dever cumprido!

"Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar
(...)
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus"
Chico Buarque

Beijão maninha!

Tomaz disse...

Eu ás vezes acho que a vida é um grande teatro, e de vez em quando acho que somos coadjuvantes, mas na verdade cada atitude influência no todo, como se um simples figurante fizesse a diferença em um espetáculo, além dos aplausos, fica uma essência no ar, na alma !

;)

Tainá Jara disse...

Que saudade me de deu da época em que abria mão do meu estado, pequeno, de ser humano e por algum momento era, agradavelmente, "coisificada"!!!
Ótimo texto da pra sentir o tamanho da sensibilidade de um artista, se é que isso dá pra se medir.

Junkie Careta disse...

Concordo com a Taina baby...

9 anos de entrega ao teatro, deixaram marcas inapagáveis na alma,O ator acabou naturalmente sendo levado à música, a paixão pelo pela arte, no entanto, continua inalterada. De resto, o frio na barriga ainda é o grande vício, com aplauso ou não, o que interessa é que vc se expresse. A impressão que tenho hoje é que as artes se tocam, se confundem, se abraçam. A pintura é musica silenciosa, a dança é pintura em movimento, cantar é representar uma emoção que vc compactua.E aí, é inevitável cair no já clichê de Pessoa:
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."

O poeta estava certo, eu só screscentaria que : o artista é um fingidor.

Grande bjo

Anônimo disse...

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