quinta-feira, novembro 19, 2009

.Me peça.


Mesmo com toda a perfeição e precisão evidentes...
Mesmo com a paixão declarada ao funcionamento do quebra-cabeça,
Devo admitir que existem peças que simplesmente não se encaixam.

Claro que isso é uma metáfora.
Claro que eu quero falar da vida, dos seres, do universo e tudo o mais.
Claro que quero mais uma vez declarar-me às borboletas.
Claro que vim me render à metamorfose.

Das utopias mais saudáveis às mais impossíveis,
uma máxima me guia:
-Porque não?
Movendo objetos, portões, pessoas e até aviões, a falta de resposta convincente a esta pergunta tem rendido várias histórias.

Um dia eu conto tudo movendo alguns rolos de impressão.

Por enquanto vou acolhendo o que tem sido ignorado no mundo e poetizando as belas relações reais.
Quero pessoas com um brio, porque só a vontade é suficiente para mover o mundo.
Começar com menos para não assustar... Uma peça talvez... Apenas me peça, ensino que para montar com perfeição o trabalho tem que ser feito individualmente, sem pular nenhum espaço, encaixando uma a uma...

sexta-feira, novembro 13, 2009

Desenquadramento


Não é que eu vá ficar redonda,
Mas só de tirar as linhas retas e o formato padrão já dá pra respirar melhor.

quinta-feira, novembro 12, 2009

.Cartas Para Não Chover.

Hoje teve uma peça, uma estreia.
Aliás, várias estreias em uma peça;
Vi um parque servir de teatro, vi uma plateia indo de fraudas a rugas em total silêncio, vi o temor dos novatos, vi a apreensão dos gaiatos.

Não é que a poesia do imaterial já não me sirva mais,
é que, me repito, a realidade tem compromisso comigo, mesmo eu e a literatura nunca tendo assinado compromisso com ela.

Insisto em poetizar mesmo assim
120 pessoas em cena. E pode isso?
Teatro pode tudo e ainda assim o temor de Clarice, a Lispector, não se concretizou, o peso das palavras não esmagou as entrelinhas.

Com um caderno e uma caneta ousei entrar no camarim.
O que passa na cabeça de cada um 10 minutos antes de deixar de ser si mesmo?
"-Me diz uma palavra. Qualquer uma. Vamos, não pensa muito", eu repetia apontando com o queixo os desavisados que passavam por perto;
Que ousadia, pedir uma só palavra. Que injustiça fazê-los escolher.
Nem me apresentava, para quê?
Senhorita jornalista do veículo tal = "bla bla blá, eu quero te usar como personagem apenas?" Não era isso que eu queria. Não é isso que eu quero.
Nada de reduzir pessoas a personagens. Histórias são reais, ainda que não tenham sido vividas. Sentimentos são reais.
Adélia Prado pegou o amor e socou no pilão com cinza e grão roxo para fazer remédio.
Eu só pedi uma palavra.

Elas ficaram espalhadas assim, livres como uma estrela perdida no céu de chuva que não veio: Amizade, magia, ameixa, banana, coração, alegria, vida, cores, nervosismo e amor... que se repetia sem cessar.

As cartas abertas, o palco aberto, a roda antes da estreia, mesmo com as mãos todas dadas....também aberta. Aí o grito só pra quem entende:
"MERDA!"

terça-feira, novembro 03, 2009

.Escola.


Para transformar as ondas em som é física
Para explicar felicidade é química
Para definir amor, não tem matéria

Sem ilusão na poesia batida do dia a dia
A palavra ficou gasta
O sentimento, talvez por isso, as vezes mudo.

Mesmo com a Lua cheia e âmbar às seis horas da tarde
Falta a voz, a presença, o abraço.
O céu me basta.
A luz me inebria
me completa,
me abastece.