domingo, maio 16, 2010

Ar pra...

É preciso ar pra se inspirar,
harpa tocar.
Quando a lua sorri assim, de lado, como hoje,
parece que o universo também me olha de lado -
e o que era infinito toma forma.
No movimento delicado das cordas que vibram
que permitem tantos dejavús quanto eu possa vivenciar
que fazem tantos ruídos quanto eu possa captar
cordas. Cordas com ar pra....
ressoar

quarta-feira, março 10, 2010

.: Pecado original :.


A casca vermelha-amarelada já anunciava onde acabaria a história. O mesmo cheiro, a mesma textura, o formato também, igual. Era ela quem mais uma vez estendia o braço oferecendo e ele quem hesitava antes de aceitar de novo. No momento em que o sabor suculento daquela maçã atravessasse o limite das papilas da língua estava feito o estrago novamente...

Nessa nova temporização cortou-se um personagem. A má ideia não partiu uma serpente e o grito de "heresia" não veio do alto acompanhado de raios e trovões. Era de dentro deles que brotava a culpa. Todo o injusto peso da moral rompida afundava o pouco que restava da esperança. Expulsão de si mesmos. Como uma borboleta que eclode da casca deixando a forma de lagarto. Os dois passariam pelo mesmo processo, porém inverso: tentados pela possibilidade de provar o novo já conhecido, caíram na infração e agora, com as asas do desejo cortadas, teriam de caber novamente no ingrato corpo de um ser rastejante.

Talvez aí a figura da serpente da história original reapareça na narrativa - a criatura que rasteja em silêncio dentro de cada mente humana, aguardando o momento exato para chegar aos olhos e polir uma simples maçã para a visão desatenta. É o que basta para se perder as asas - uma mordida errada, a repetição da história, a ânsia da pressa; e só.

segunda-feira, março 01, 2010

.: A no Amor :.


Há no amor um pouco do que se chama de desfoque.
Não é que falte técnica, não é que falta paciência, muito menos falte tempo; é que ele não foi feito para ser exato mesmo.
Há no amor um pouco do que se chama de defeitos da visão.
Vemos o que é, o que não é e tudo o que dança em cores, sons, sensações e cheiros em volta.
Há no amor muito do que se chama loucura.
Por acreditarmos em absolutamente tudo o que os olhos não vêem.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Pan dor A

Sem muito motivo, um dia o sentimento extrapola.
Explode como bexiga que se assopra demais.
O problema é que nem sempre o ar é puro e não é toda borracha que contem o grito.
A solução é que às vezes o ar é leve e mesmo explodindo ficam os restos...
Restos de um mundo que ainda não foi