Posso ser reduntante, posso exagerar, posso omitir e inventar.
Que limites existem entre as palavras?
Um dia definiram o deserto como "estéril e desabitado"
Seria infecunda uma terra que desperta girrassóis e lótus?
Seria desabitada uma paisagem que desperta encanto e fascínio?
Parece que as definições da humanidade andam desequilibradas, insensatas e incoerentes.
E depois a poesia é que é subversiva, a poesia é que mente e exagera, a poesia que extremiza e vitupera.
Quebro a moral vigente com traços curvos de palavra.
Grito no silêncio para uma flor que existe em mim e suas raízes é que me ouvem.
Parece que no deserto interior de cada um tem uma planta que só precisa de um verbo, uma luz ou um pouco de calor...
São todos iguais, afinal. Vibração espacial ao acaso.
Som é eterno.
Como todo o resto que perturba o ar.
A eternidade dá medo, mas parece tão nobre...
"É porque sempre tento chegar pelo meu modo.
É porque ainda não sei ceder.
É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria e não o que é.
É porque ainda não sou eu mesma,
e então o castigo é amar um mundo que não é ele..."
(Clarice Lispector)